Inteligência Epistêmica

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Convivendo na MATRIX...

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Públio Virgílio Marão - Metonímia ou Transnominação

Em latim - Publius Vergilius Maro, às vezes chamado de Vergílio, (Andes, 15 de Outubro de 70 a.C. - Brindisi, 21 de Setembro de 19 a.C.), foi um poeta romano. Sua obra mais conhecida é a Eneida. Foi considerado ainda em vida como o grande poeta romano e expoente da literatura latina. Seu trabalho foi uma vigorosa expressão das tradições de uma nação que urgia pela afirmação histórica, saída de um período turbulento de cerca de dez anos, durante os quais as revoluções prevaleceram.

Considerado o maior poeta latino. Era natural da região de Mântua (70-19 a.C.) e filho de uma família de camponeses. Alcançou pelo casamento uma situação estável, podendo então ouvir, em Milão e Roma, as lições de filósofos epicuristas. Amigo de Horácio, como ele protegido por Mecenas, entrou em contato com o imperador, de quem recebeu o incentivo para escrever a Eneida.

Admirador da cultura helênica, empreendeu uma viagem à Grécia, berço e viveiro da cultura, sonho que há muito acalentava: o destino concedeu-lhe a realização desse anseio, mas morreu no regresso, junto de Brindisi. O seu túmulo encontra-se em Nápoles. A obra de Virgílio compreende, além de poemas menores, compostos na juventude, as Bucólicas ou Éclogas, em número de dez, em que reflete a influência do gênero pastoril criado por Teócrito. As Geórgicas, dedicadas ao seu protetor Mecenas, constam de quatro livros, tratando da agricultura. Trata-se de uma obra de implicações políticas indiretas, embora bem definidas: ao fazer a apologia da vida do campo, o poeta serve o ideal político-social da dignificação da classe rural. Reflete a influência de Hesíodo e Lucrécio. Literariamente, as Geórgicas são consideradas a sua obra mais perfeita. E finalmente, a Eneida, que o poeta considerou inacabada, a ponto de pedir, no leito de morte, que fosse queimada, constitui a epopéia nacional.

Esta refere-se à lenda do guerreiro Enéias, que, após a célebre guerra, teria fugido de Tróia, saqueada e incendiada, e chegado à Itália, onde se tornou o antepassado do povo romano. Epopéia erudita, a Eneida tem como objetivo dar aos romanos uma ascendência não-grega, formulando a cultura latina como original e não tributária da cultura helênica. O poema consta de doze livros e a sua construção serviu de modelo definitivo às grandes epopéias do renascimento, nomeadamente para Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões, o que se percebe claramente comparando o primeiro verso das duas epopéias:

Eneida: Arma uirumque cano... que significa: "As armas e o varão(herói) eu canto";
com Lusíadas: As armas e os barões assinalados...

Chama-se de metonímia ou transnominação uma figura de linguagem que consiste no emprego de um termo por outro, dada a relação de semelhança ou a possibilidade de associação entre eles. Por exemplo, "Palácio do Planalto" é usado como um metônimo (uma instância de metonímia) para representar a presidência do Brasil, por ser localizado lá o gabinete presidencial.
A sinédoque é um tipo de metonímia que consiste na atribuição da parte pelo todo, ou do todo pela parte.

Figura de retórica, para muitos autores indistinta da figura da metonímia, ou considerada como um tipo de metonímia na qual se exprime uma parte por um todo ou um todo por uma parte (Moscow caiu às mãos dos alemães), o singular pelo plural (quando o Gama chegou à Índia), o autor pela obra (estou a estudar Pessoa), a capital pelo governo do país ("Washington decidiu enviar tropas para o Iraque"), uma peça de vestuário pela pessoa que o usa (um vestido negro surgiu pela porta), etc. Na verdade trata-se da inclusão ou contiguidade semântica existente entre dois nomes e que permite a substituição de um pelo outro. Na literatura, abundam sinédoques com fins estéticos de provocar o inusitado nas expressões escolhidas:

Exemplos
"Ficou sem teto." - O teto representa a casa inteira.
"Vós, ó novo temor da Maura lança" - Refere-se não a uma só lança, mas a todo exército mouro (a lança era uma das armas usadas). (Luís de Camões, Os Lusíadas, I,6)
"Que da Ocidental praia Lusitana" - para designar Portugal (Camões, Os Lusíadas, I, 1)
"Mas já o Príncipe Afonso aparelhava / O Lusitano exército ditoso / Contra o Mouro que as terras habitava" - para designar os exércitos mouros (Camões, Os Lusíadas, III, 42)
"Despois, na costa da Índia, andando cheia / De lenhos inimigos e artefícios" - para designar os navios (Camões, Os Lusíadas, III, 42)
Outros exemplos
Causa pelo efeito:
Sócrates tomou as mortes. (O efeito é a morte, a causa é o veneno).
Sou alérgica a cigarro. (O cigarro é a causa: a fumaça, o efeito. Podemos ser alérgicos à fumaça, mas não ao cigarro).
Marca pelo produto:
O meu irmãozinho adora danone.(Danone é a marca de um iogurte; o menino gosta de iogurte)
Autor pela obra:
Lemos Machado de Assis por interesse. (Ninguém, na verdade, lê o autor, mas as obras dele em geral).
Contentor pelo conteúdo
Bebeu um copo de água. (Ninguém "bebe" um copo, mas sim a bebida que está nele.)
Possuidor pelo possuído:
Ir ao barbeiro. (O barbeiro trabalha na barbearia, aonde se vai - de fato, ninguém vai a uma pessoa, mas ao local onde ela está).
Matéria pelo objeto:
Quem por ferro fere... (ferro substitui, aqui, espada, por exemplo)
O lugar pela coisa:
Uma garrafa de Porto. (Porto é o nome da cidade conotada com a bebida - não é a cidade que fica na garrafa, mas sim a bebida).
O abstrato pelo concreto:
A juventude é corajosa e nem sempre consequente. (juventude pela palavra jovens).
A coisa pela sua representação = (sinal pela coisa significada):
És a minha âncora. (em substituição de "segurança").
Instituição pelo que representa:
A igreja publicou seu novo livro (quem publica é uma editora ou alguém)
Causa primária pela secundária:
O engenheiro construiu mal o edifício (o engenheiro não constrói só planeja)
O inventor pelo invento:
Ele comprou um Ford (observe que estamos falando do criador não da marca)
O concreto pelo abstrato (e vice-versa):
A velhice deve ser respeitada (não é a velhice e sim os velhos)
Gênero pela espécie:
Os mortais são capazes de tudo
O singular pelo plural(vice-versa):
O brasileiro é um apaixonado pelo futebol (não é só um brasileiro e sim todos eles)
Determinado pelo indeterminado:
A matéria pelo objeto:
Tirem os cristais (não estamos nos referindo aos cristais e sim aos copos)
A forma pela matéria:
Ele cuida com carinho da redonda
Individuo pelas classes:
Odiava ser o Judas da sala

"A metonímia é geralmente utilizada para a não repetição de palavras em textos. Como, por exemplo, em entrevistas nas quais o entrevistado (ex.: Jorge Amado) pode tanto ser chamado pelo primeiro nome, pelo sobrenome, ou pelo nome completo (ex.: Jorge declarou, Amado declarou, ou Jorge Amado declarou)"
Referências: Carlos Matheus Pastori.

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