Inteligência Epistêmica

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Convivendo na MATRIX...

sexta-feira, 15 de abril de 2011

A teosofia de Helena Petrovna von Hahn (Madame) Blavatsky

Atlântida tornou-se, de um lado, origem mítica de supostos conhecimentos secretos e crenças esotéricas e, de outro, parte de uma nova mitologia que procurava justificar a hierarquia das "raças" e o domínio global das nações européias, ou mesmo de uma determinada nação. Ao longo do século XIX e início do século XX a teosofia de Helena Blavatsky e seus seguidores e dissidentes, bem supostos médiuns, clarividentes e portadores ou descobridores de conhecimentos secretos de diferentes escolas, fizeram da Atlântida retratos minuciosos, mas freqüentemente contraditórios, embora na maioria das vezes retivessem a idéia de uma ilha-continente no meio do Atlântico.

A partir de 1851, Helena Blavatsky, uma jovem aristocrata russa, ousada, independente e fascinada pelo misticismo indiano, viajou por várias partes do mundo e desenvolveu uma concepção cosmológica pessoal a partir de tradições ocultistas, budistas e hindus, do espiritismo de Allan Kardec e também de especulações geológicas, biológicas e antropológicas populares em seu tempo.

Alegando ter acesso a verdades esquecidas por meio de clarividência, acesso a espíritos desencarnados e obras secretas, criou o sistema que chamou de teosofia, oficialmente inaugurada com a fundação da Sociedade Teosofica em 7 de setembro de 1875, quando também foi publicada sua obra mais importante, Ísis sem Véu.

Apresentando-se como síntese das sabedorias ocidental e oriental, a teosofia misturou mitos, a ciência de meados do século XIX (A Origem das Espécies de Charles Darwin, publicada em 1859, era então uma obra polêmica), idéias de Donelly, Le Plongeon e do Oera-Linda, aliadas a fantasias pessoais, em uma concepção da evolução humana cujo racismo, latente em Blavatsky, tornou-se mais explícito em seguidores como C. W. Leadbeater, Annie Besant e W. Scott-Elliot.

Depois de passar por formas fantasmagóricas da primeira e segunda raças-raízes, que teriam existido em um desaparecido continente polar chamado Hiperbórea, a humanidade teria se materializado em corpos físicos toscos e gigantescos em um continente tropical chamado Lemúria, originalmente uma hipótese científica do século XIX - leia Lemúria para mais detalhes sobre a concepção original e Lemúria teosófica para a versão de Blavatsky e seguidores. Ramos “avançados” da “raça lemuriana” teriam sido “selecionados” – não pelo ambiente, mas por “espíritos superiores” – para constituir uma nova “raça que viria a ser a dos “atlantes”, cujo continente teria emergido enquanto Lemúria afundava.

As duas primeiras raças “atlantes”, ainda primitivas, teriam sido de pele escura. Em seguida, foi selecionada a raça “tolteca”, construtora do império atlante, cujos remanescentes seriam os toltecas do México e os incas do Peru. Desta, foram extraídas as raças “amarelas” e “brancas”. Para detalhes sobre a concepção teosófica da história e geografia dessa Atlântida e de seus povos, leia Atlântida teosófica.

Enquanto a extensão de Atlântida era reduzida por uma série catástrofes, das quais a de Platão teria sido apenas a última uma estirpe foi selecionada para criar uma nova civilização exatamente no ponto onde Bailly havia localizado a dispersão das raças “arianas”, identificado pelos teósofos com Shambhala, mito budista tibetano sobre um lendário reino do passado (leia Shambhala teosófica para detalhes). Os ramos da raça “ariana” seriam os hindus, os árabes (sic), os iranianos, os celtas e os teutões. Quanto aos hebreus, descenderiam de um ramo degenerado dos “semitas”, que teria recusado a ordem divina de se misturar aos “arianos” para evoluir.

A partir dos anos 60, o mapeamento do fundo dos oceanos e a descoberta da deriva continental e da tectônica de placas tornaram geologicamente implausível a idéia de afundamento e soerguimento de continentes que embasava as teses teosóficas. Desde então, diferentes escritores procuraram outras maneiras de justificar a crença na existência real de Atlântida, localizando-a em plataformas continentais inundadas ao fim da Idade do Gelo (como nas vizinhanças da atual Indonésia), nos Andes ou mesmo na Antártida.

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